Blog créé grâce à Iblogyou. Créer un blog gratuitement en moins de 5 minutes.

GLOBAL ART

By Miguel Westerberg

ALMA DE UM ARTISTA - MIGUEL WESTERBERG Posté le Samedi 15 Mars 2008 à 19h37

SEGUNDO CAPITULO

www.iblogyou.fr/Photos/mini/mini_36299.jpg

 

Atualmente ando sempre com pouco dinheiro que mal dá para comprar um pincel, todos eles estão velhos e gastos. As minhas tintas se acabaram; só me restou uma pequena caixa de aquarelas e foi assim que tudo começou: fiz a minha primeira exposição de pintura na Vila Beatriz na cidade de Ermesinde conselho de Valongo. Aquela exposição me fez acreditar numa possível carreira artística, pois das vinte telas expostas vendi 12. Nada mau para um pintor desconhecido, que chegou a ter no jornal da região uma pequena coluna em sua homenagem. Os anos passaram e pouco ou nada mudou. A minha vida se resume a isto! O resto dela são apenas memórias sobrepostas umas as outras. Às vezes tento idealizar novos vôos na esperança de que a vida me possa sorrir, mas o desânimo em mim é constante! Por mais que tente, nada de extraordinário acontece, mas em comparação com os demais homens, ate que não posso me queixar da vida, pois já estive em vários países, falo quatro idiomas, embora não saiba escreve-los. Na minha terra dizem que sou um analfabeto; em outro país, um intelectual. Na América do Sul, por exemplo, o indivíduo que fala mais de um idioma é levado muito em conta; ao contrário da Europa, que já não vê encanto em mais nada. A conclusão disto tudo é na verdade um disparate, mas o ser humano é mesmo assim e quanto a isso nada tenho a declarar, já que cada cultura tem o seu modo de julgar. Em Portugal tal como no resto do mundo as pessoas têm o grande defeito de imortalizar seus artistas somente após sua morte, ou então se o artista sai do país e faz carreira lá fora, em uma terra longínqua. Isso tudo é uma grande ironia. É necessário povoar terras estranhas para poder torna se, aos olhos de todo mundo, um herói nacional. Surgem então as festas, homenagens, condecorações e com um pouco de sorte o artista torna se embaixador das nações unidas, recebendo, da noite para o dia, seu primeiro título.


Recordo-me também, que noutros tempos quando era bastante religioso, sempre que viajava uma multidão de irmãos vinham se despedir e ao meu regresso, faziam festinhas de boas vindas, mas tudo mudou! Após o meu divorcio, no momento em que mais precisei de um ombro amigo, um por um virou-me as costas, porque eu não me encaixava mais nos seus padrões sociais. Foi como se eu tivesse uma doença contagiosa, fato que me fez parar e repensar sobre valores pré-estabelecidos e por mais que repense não consigo encontrar uma resposta para certos comportamentos; o que me leva a um estado de constante questionamento. Não consigo enxergar o que foi que deu errado ou a exatidão do ponto em que falhei, coisas da vida! Acho que é melhor mudar de assunto, pois todas essas interrogações sem respostas me levam a um estágio impreciso de insatisfação e, mais uma vez, de total desanimo. Ah, mas antes de iniciar meu próximo raciocínio, acho importante ressaltar que um, apenas um único irmão permaneceu sempre ao meu lado. Um alguém vindo de terras estranhas em busca de algo que lhe faltava e veio para Portugal tentar uma vida melhor e vivia na linha de Sintra para os lados do Cacem, juntamente com um grupo de brasileiros. A maioria deles clandestinos, mas que aos poucos conseguiram se legalizasse, devido a acordos entre as duas nações. Ele trabalhava no açougue do Carrefour. Era um moço humilde e de boa índole, talvez por ser temente a Deus e raramente perder um culto. Sempre que podia ele acompanhava a mocidade para congregarem em outras cidades ou vilas portuguesas. Acompanhei todo seu progresso espiritual e juntos enfrentamos as adversidades da vida; éramos praticamente inseparáveis e nos reuníamos por horas a fio, a conversar sobre a obra de Deus.

 

Ele permaneceu aqui por dez anos e por fim voltou para o Brasil, casou com uma bela jovem descendente de Japonês, abriu um negócio bem lucrativo e esta à espera do seu primeiro filho. Às vezes falo com ele por MSN ou telefone e fico a pensar o quanto sofreu, mas mesmo assim ele tem uma disposição invejável para enfrentar as adversidades impostas pela vida. Será que algum dia vou conseguir ter força, para fazer frente a tudo que me acontece? Nós homens no processo de crescimento, somos educados para sermos fortes, indissolúveis e por esse mesmo motivo passamos a esconder ou mascarar a nossa verdadeira identidade. Desfiguramos nossas emoções ao forjar uma atitude falsa e irreal, sufocando as lagrimas que teimam em fluir. Nós homens somos feitos de uma massa imaleável, seguindo padrões impostos por uma sociedade corruptamente formada. Durante toda a nossa vida escondemos a nossa verdadeira identidade, mostrando ao mundo um lado inexistente, que seja aceito. Ainda vivemos numa era que a palavra tabu esta sempre evidencia nas nossas vidas. Não podemos ser nós mesmos, nem podemos dizer livremente o que pensamos, um homem tem que manter a sua postura, ser macho, ser bruto, ser juiz mesmo que tenha que julgar sem causa. Pobre do homem que escreve um poema, que canta ou dança numa praça. É crime ter sentimentos e expressa-los em público, pois podemos ser tachados de loucos. Se isso serve de consolo, com o tempo que perdemos na tentativa de sermos quem não somos, aprendemos a perceber que o orgulho e os preconceitos nada mais são do que ignorância em não saber lidar com o desconhecido; aprendemos que, apesar das diferenças, somos constituídos da mesma matéria orgânica, o que nos torna IGUAIS!

MIGUEL WESTERBERG

0 commentaire - Permalien - Partager
Commentaires